quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Os vírus e o Dragon Ball


No outro dia o G. estava com uma virose. Ao terceiro dia já não tinha praticamente febre mas de repente, a meio da noite, voltou a ter um pico de febre alta. Ele ficou preocupado (e eu também claro) mas tentei explicar-lhe que devia tratar-se do mesmo fenómeno que se verificava no Dragon Ball.

Primeiro o mau estava a ganhar, depois o Son Goku dava a volta e começava a ganhar. De repente, quando já não se esperava, o mau desferia um golpe quase fatal - sustínhamos a respiração - e logo a seguir o Son Goku, com o seu Kamehameha, acabava com o mau, para nosso alívio.

Ele não ficou convencido mas eu acho que foi por serem três da manhã. A analogia faz todo o sentido, não?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Baloiçar


Isto faz-me sorrir. A Rubyellen pendurou uma rede no meio da sala. É preciso ter coragem, mas deve ser magnífico estar deitado, a baloiçar com a companhia de um livro ou de uma conversa. Sabe a descanso e quase a férias. E para as crianças deve soar a aventura! Para elas sempre dá para fazer a versão provisória ali de baixo e rezar para que a mesa aguente.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

d'aquém e d'além mar #3




As resistentes e os invasores

(Deserto, Emirados Árabes Unidos, 2013)

Os Nogueira #4







A mensagem de Alice soou como um alarme lancinante.
Bebia Tiago o seu décimo café do dia quando sentiu o seu coração a bater mais forte. A realidade invadiu o seu bem-estar através do e-mail e não mais conseguiu concentrar-se ao longo desse dia. Sempre que o e-mail toca, Tiago treme, temendo ter de dar resposta a alguma questão, travando assim a turbina que o alimenta.
Contra todas as expectativas, Tiago respondeu a Alice:
 "Desde que me enviaste a mensagem, tenho estado a pensar que quero deixar de escrever. As vogais tropeçam nas consoantes. O ponto e vírgula é um travão para as palavras mais fracas, que até com uma simples vírgula se põem a coxear".
Entre a mensagem de Alice e a resposta de Tiago, André ouviu das boas.
Foram vinte minutos de insultos de todos os preços, alguns em promoção ou até com desconto em cartão, mas André tentou explicar-lhe que só Alice poderia desbloquear a situação.
Guardou a mensagem de Alice no bolso, depois de a ter imprimido. Queria relê-la. Tentar perceber em cada uma das nove palavras qual o primeiro, o segundo e o terceiro sentidos da afirmação da sua mulher.
Helena, a sua colega de secretária, perguntou-lhe pelo diretor da redação, com um sorriso nos lábios.
Independentemente da altura do mês, as reações de Helena em relação a Tiago não variavam. Entre o fascínio e a admiração, por um lado, e a inveja o desprezo, pelo outro, Helena não suportava o facto de o chefe de ambos ser tão compreensivo com o seu vizinho de trabalho.
Já há muito tempo que André dizia abertamente que Helena tinha uma paixão vigorosa, mas totalmente reprimida, e por isso potenciada, por Tiago.
Lembrando o episódio da semana anterior, Tiago ria-se do baço ao intestino delgado da reação de Antero, o chefe de redação, quando começou a rasgar os livros que enchiam de pó a sua sala.
Mesmo que Antero tivesse bons argumentos, a autoridade com que se lhe dirigiu naquele dia teria sempre  necessariamente e outros vocábulos que expressem uma certeza como consequência a ira de Tiago. Nunca ele consegue ouvir uma crítica e manter a compostura.
Nesse dia, terá ido longe demais.
Ouvir Antero exigir-lhe que acabasse o seu livro no prazo de um mês era o que temia, com maior ou menor dilação, desde que deixara de escrever as notícias que copiava mecanicamente da agência com quem trabalhavam para passar a dedicar-se à prova de fundo: escrever um romance.
Por onde quer que fosse, nesse final de tarde, o trânsito não o deixava ir buscar o Martim e depois a Margarida. Havia jogo e, em dia de jogo, como em dia de chuva, os carros estão na rua.
Queria ainda passar na loja que fica na esquina da escola da Margarida para ir buscar a prenda de Alice.
Raramente o tinha feito, comprar um presente para festejar o dia do seu casamento, mas este ano era especial.
Sete anos, o momento fatídico para muitas relações.
Tiago reservou mesa para dois no restaurante preferido de Alice, um italiano afrancesado no centro da cidade.
Um ano antes, a situação descontrolara-se em todos os sentidos. Depois de um bom vinho do Douro e de uma série de bebidas de origem brasileira à entrada e à saída, a noite foi toda deles.
Vinte minutos antes da hora marcada para o jantar deste ano, Tiago chegou a casa com o Martim, a Margarida e o colar de diamantes com um ano de garantia que teria sido a prenda de Alice se não tivesse acabado ao pescoço da professora de inglês de Margarida uns dias mais tarde.
Xadrez, era o padrão do pijama que Alice vestia enquanto preparava qualquer coisa na cozinha.
Zangado, ficou Tiago, quando as primeiras palavras que ouviu eram dirigidas ao livro que já não queria, mas queria, ou talvez não, escrever.
A mesa do francês com mania que é italiano ficou vazia nessa noite.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O filho de mãe e o filho da mãe


Notícia de última hora.

O Presidente Disto Tudo anunciou hoje que, há uns anos, na tomada de posse de um conceituado senhor da nossa praça, dono do seu lugar de peixe, se verificou um equívoco. Foi anunciado e empossado como "filho de mãe", mas afinal trata-se aparentemente de um "filho da mãe".

Nada a fazer agora. Se é filho de mãe, já não poderá mais ser filho da mãe. A não ser por decreto, já que o Presidente Disto Tudo e os seus súbditos não têm afinal capacidade para concluir por si que o homem é realmente um filho da mãe.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A cumplicidade no momento da fatura



Nos últimos tempos, o momento de pagar a conta em qualquer restaurante, café, bomba de gasolina, banca da praça ou cabeleiro transformou-se num interessantíssimo ritual de debate à volta do tema das faturas.

- Quer fatura? Com ou sem número de contribuinte?, diz invariavelmente o zeloso funcionário do estabelecimento.

Depois de um olhar por cima do ombro a fingir preocupação pela eventual presença de um polícia ou funcionário das finanças, eis a resposta:

- Não é preciso. A não ser que me venham prender!, responde ironicamente o cliente.

Isto chega para um sorriso pleno de cumplicidade e um comentário automático sobre o cansaço do ministro das finanças, a situação do país ou o número de contribuinte do primeiro-ministro.

E viva o reforço da identidade nacional.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Receitas masculinas #1 - Bifes de peru com molho de manga



A receita era para ser de bifes de peru com manga, mas a manga era tão madura que teve de ser com molho.

Ingredientes:
- Bifes de peru
- Manga, de preferência mais madura
- Ovo
- Cebolas (eu queria usar as três que tínhamos em casa, mas uma teve de ficar para a sopa do G.) 
- O resto de um garrafa de moscatel (acho que também pode ser vinho do Porto)
- Azeite
- Sal

Etapas:
1. Cozinha limpa, pronta a sujar.
2. Bifes de peru, previamente comprados por Ela (assim, se a receita falhar, a culpa é de quem comprou os ingredientes), temperados com sal e colocados cada um sobre uma fatia de manga.
3. 10 minutos depois (mais ou menos), os bifes são virados para garantir que os dois lados estiveram em contacto com a manga antes de ir ao forno.
4. Entretanto, as cebolas são descascadas e cortadas em pequenos pedaços (o ideal é arranjar alguém que faça esta parte, para evitar um momento de choradeira totalmente desnecessário), sendo cozinhadas numa frigideira com azeite durante cerca de 10 minutos.
5. Adiciona-se então o moscatel e aguarda-se mais 10 minutos.
6. Segue-se a manga, que também vai para a frigideira, depois de desfeita (era tão madura, que foi fácil!).
7. Mexe-se tudo muito bem, esperando-se outros 10 minutos para que os sabores se envolvam ardentemente uns com os outros. O molho tem de reduzir. Para saber o volume da redução, é necessário aplicar a seguinte fórmula: V = π * r² * h.
8. Começa a acumular-se a loiça na cozinha. Incluindo uma máquina de calcular.
9. Num recipiente, os bifes e o molho encontram-se finalmente.
10. O forno, previamente aquecido, cozinha o peru e, após 15 minutos, coloca-se um ovo no topo (eu coloquei logo, por isso ficou bonito, mas cozido, e não era essa a ideia).
11. 5 minutos depois, ao abrir o forno, o cheiro dos bifes de peru com molho de manga abre o apetite.
12. Comer.
13. Deixar a cozinha desarrumada, que mais logo há tempo para arrumar.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Histórias para sonhar


Praticamente desde que o G. foi para o quarto dele, por volta dos 4 meses, começamos a ler-lhe uma história antes de dormir.

Provavelmente naquela altura ele não percebia nada do que se estava a dizer, mas acredito que a voz o acalmava e preparava para ir para a cama. E eu não trocava aqueles momentos de sossego e aconchego por nada.

Agora, com 15 meses, ele já percebe melhor. Ajuda a escolher o livro, aponta para dizer onde está o cão, o menino, a lua. E continuo a achar que é uma forma ótima de ele perceber que acabou a brincadeira e é tempo de acalmar para ir dormir. E continuo a não trocar aqueles momentos de cumplicidade e tranquilidade por nada!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Regresso



Como já devem ter reparado o blog esteve de férias. É que nós estivemos de férias - bem longe do trabalho e longe das rotinas.

Serviu para repor energias e estamos de volta cheios de novas ideias e vontade de fazer.