segunda-feira, 22 de abril de 2013

Memórias do cinquenta e oito


O cinquenta e oito não é apenas um autocarro, é o autocarro das minhas memórias!

Lembro-me de entrar todos os dias da semana no cinquenta e oito às sete e meia, a caminho da escola, com uma tonelada em livros e cadernos às costas. Bem. Nem todos os dias. No início ainda havia o quinze e um quinze especial, às sete e um quarto, com dois andares. E valeu a pena chegar à escola tantas vezes tão cedo só para ter esta memória de andar naquele clássico da Carris.

Lembro-me de entrar todos os dias da semana no cinquenta e oito a caminho de casa, com a mesma tonelada em livros e cadernos. Cheio até às portas, cheiro até às portas. Mas lembro-me.

Lembro-me de entrar ao fim-de-semana no cinquenta e oito para ir tomar o pequeno almoço com os meus avós. E depois ia a pé das Amoreiras a Campo de Ourique. Valia a pena, sem dúvida.

Lembro-me de entrar no cinquenta e oito e ele me levar à Faculdade.

E, no outro dia, voltei ao cinquenta e oito.

E voltei a lembrar-me do cinquenta e oito.

Está mais pequeno. Está mais moderno. É inspirador.


Quando deita para a rua
Os seus tristes olhos frios
Juro ouvir animais do zoo
Tilintar atrás do muro
Quando passa Sete Rios

("Entre Alvalade e as Portas de Benfica", dos Deolinda)



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